segunda-feira, 19 de abril de 2010

roda baiana!

A baiana roda pelas rodas até se cansar e sentar-se à sombra do velho e grande pé de jabuticaba. Na Bahia tem pé de jabuticaba, meu rei?!
Jabuticabas pretinhas, como ela... jabuticabas doces, como os seus sorrisos... jabuticabas redondas, como sua saia cheia de pregas e pragas que arrasta camaradas na curiosidade desta beleza rica e incontida.
Roda, baiana! Sem pressa e com presas!
Roda, baiana com toda sua graça enfeitada para animar os sons das ventanias!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Personagem da solidão


Ele chora.
Enxuga as lágrimas ralas na manga do casaco bem surrado do frio que já passou pelos longos e amargos solitários 92 anos de vida mineira.
Nada de muitos netos, apenas Fernando Henrique - moço alto, bonito, olhos claros e cabelos fartos. Formado em alguma das engenharias e moço de salário imperial. Neto só mesmo no papel e sobrenome atuante que carrega - talvez a única herança que seu avô, o personagem da solidão, deixara para a eternidade dos descendentes.
Natal com a esposa era ainda farto de presentes pequenos, perus gordos e pinheiro verde do quintal. Nesta fábula dos dias passados as sequências de fatos ainda impressionavam os pequenos parentes.
Foi então que o capital, assim como veio, se foi. E junto dele, a família navegou rumo outros mares estrangeiros para aportar nos vizinhos europeus. De lá o personagem da solidão tem apenas ciência que estão todos bem. Bem de vida!
Para ele, ainda aqui no Brasil de brasileiros, restou a casa com telhados escuros e ralos quando o frio baixa, o quintal agora sem pinheiros, uma aposentadoria por invalidez mesquinha (típica) e o casaco para enxugar as lágrimas.
Quantos idosos hoje vivem na escuridão das suas recordações cheia de cores?