sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Nadando até a África

Vou me vestir de verde para recepcionar uma árvore e despentear os cabelos para formar os galhos.
Colocarei aquele vestido amarelo que está guardado desde o dia que me encontrei com o sol para desfilar pelo campo de margaridas miúdas.
Ensaiarei uma bela canção para animar os duetos!
Vou treinar os ossos do corpo para me enterrar na terra com as minhocas.
Subirei até o pico da montanha para saltar como um urubu e enxergar como uma águia.
Vou me camuflar para enfrentar as batalhas e nadar até chegar à África! Indo ali pela praia Brava de Fortaleza – que destino, que paraíso! –, dou umas par de braçadas e logo estou lá para apreciar as cores! Que continente!

Um convite nada formal

O vento vem trazendo folhas secas de outras estações.
Ficaram para trás pisadas pelos pés gigantes.
Eles nem olham para o chão.
Notas de cruzeiros são deixadas pelas ruas e poucos enxergam a riqueza.
Observam muito a magia do amor. As vezes...

Mas as folhas secas continuam caindo pelas frestas entreabertas dos galhos daquelas árvores marrons e lindas de outono.
E eles secam ainda mais a beleza pura da moça.
Coitada!
Sente-se mal com os comentários maldosos, mas sua delicadeza a deixa sem saídas e com respostas bem dadas.

E viva São João!
São Pedro que traz a chuva!
Viva Rio de Janeiro e suas belas curvas rochosas!

Que alegria em ver o azulão infinito e buscar nele a inspiração sem fim.
Infinita também!
Ah como ela será bem-vinda!
Terá cama com lençóis de seda pura; quer?
Lambuzar as mãos com terra banhada pela água da chuvinha da noite e escorregar pelos cabelos sem ter medo do tempo de exposição ao sol.
Ô!
Ela terá sala, cozinha e um monte de livros enfileirados na pequena biblioteca tida na estante de madeira escura.
Quer vinho?
Vou embebedá-la com os melhores sabores, as melhores uvas...
Se quiser companhia o farei com o prazer nas nuvens e as mãos bem ocupadas.
Assim como agora, que tento fazê-la chegar, mas parece que a afinidade não está cooperando.
Ah, vai! Deixa pra lá...

Se ela também não quiser chegar, mandarei uma carta à cara criatividade!
Ela me tira de qualquer sufoco e me ajuda com as melhores ideias.
Depois?
É só convidá-la para um chá da tarde acompanhado de belas broas mineiras, café preto e forte com bastante açúcar, sem deixar de ser quente.
Se gostar de pamonha eu encomendo algumas com dona Josefa, aquela que tem no sobrenome o produto vendido.

Bom, ela realmente não quer me fazer companhia!
Tudo bem...
Vou convidar o tempo para esperar mais um pucado.
E que ele passe bem rápido, assim como os bons momentos ao seu lado!

criador dos ossos

Parece que minhas costas voltaram a alugar o espaço corpóreo que as pertence. Nada mais de pesos e medidas fora do padrão estabelecido pelo criador dos ossos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

morte do amor

Profundamente querida você sempre foi para mim que não tenho onde cair e seguir é meu rumo nesta travessia de pegadas banhadas pelas águas de oceanos e rios que passam por todos os caminhos que sigo na sequência dos dias repletos de sonhos e vontades nada reais de transformar-me em artista de cinema televisão livro escrita e tudo o mais que me faça ser apenas eu como devo realmente ser assim no meu mais livre pensamento e vontade de cair nas tentações de um homem esmiuçado de desejos e transbordado de quereres pela minha boca que agora está seca da sua carne destrinchada pelas formigas que brotam das terras e comem cadáveres frios pálidos e cálidos como a nossa noite de ontem e como meu gozo eterno sem vontade de sentir por você que hoje não tem para onde ir.

Fuca!

Naquela época não vivi (década de 30 para que te quero!), onde o Fusca sobrevivia aos acalentos e era um forte candidato ao carro do século!
Consegue imaginar?
Não sei como seria… Esta coisinha miúda, de fácil localização, nada querida pelos assaltantes e com carinha de broa de milho… Tentaria minhas atenções!

E lá ia ele pelas estradas próximas, pois longe fundia, sem rumo certo, com a radiola ligada no volume máximo, rodinhas até tortas de vontade crescer!

Ele ia indo pelo crime de ser um pequeno querido!

Não parece que ele pisca?

ai, minha faringe!

quero todas as chaves, matar todas as saudades, comer todas as massas, tomar todos os vinhos italianos com um italiano daqueles típicos ao lado, subir nas torres mais altas, pode ser em parri! por que não?

quero as blusas mais quentinha, os sapatos maisousados, as unhas mais vermelhas e os óculos mais meus.

quero a irmã de cabelos mais lindos, a amiga irlandesa, a piscina para os verões sem data marcada.

alguns pequenos dígitos no banco. não tenho grandes amores pelo dinheiro…

quero agora uma xícara de café quente para esquentar minha faringe.

particular? só banheiro escuro.

Laço, lacinho. Conectado ao cabelo, fácil fascínio.

primeiro beijo.

Pelo gosto que gosto faço até manha. Em manhãs de chuva fico descalça em casa esperando os segundos apontarem meio dia e correr para o almoço. Almoçado em família tem mais gosto! Gostoso... Assim como o namorado que arrepia até os pensamentos e faz o coração bater tinindo! Ai amor... Suspiros profundos dispenso o tempo todo. Diria tia Hercília: “Escreve que eu mando!”. Sente até cheiro! Lembra até da roupa do primeiro encontro. O primeiro beijo? Faz estante na casa pequena... Foi lento, quente, gostoso, não esperado, nem imaginado, mas beijo.

tô injuriada com o Brasil!

domingo, 29 de novembro de 2009

Amarante

Parece que agora eu meu peguei apaixonada pela guitarra do som que gritava pelas telas grandes no apartamento pequeno. Me peguei apaixonada... Por um par de tênis que incomodava as mães – sujinho. Agora senti o frio que vem da espinha, passa pela garganta e sai no beijo. Ui! Quase o beijei... Em pensamentos frios que abandonam minha noite pelo simples suspiro de um bom dia. Já passou! Ufa! Agora sinto o que sempre senti. Chega de ousadias melosas ou ouvidos queridos com vozes fascinantes. Vou me concentrar. Amo-te como melodias.

esmalte

vou sentar ali no sofá, que hoje leva uma manta amarela para tampar o frio (que frio?), e pintar as unhas. acho que de petróleo.
talvez roxo...
não sei ainda.

Conceitos Patricianos

Agora os peixes têm línguas.
As formigas gritam por açúcar.
Porcos sobem nas paredes do desejo que descobriram no aquário.
Peixes seguem nos armários com as pernas que tiraram das formigas.
Estas, coitadas... viveram na espera inconstante do doce dos dias, amor dos delírios, paixão pelas bocas e suspiro pelos homens. Todos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Jonny?

Descobri, numa noite escura de quarta-feira, perto das 22h10, que a sessão das 22h é pontual. Nem um minuto a mais e o filme começa.

Em cartaz: Meu nome não é Jonny. Filme negro, brasileiro. Do começo ao fim.

Instigante. Retrô. Óculos quadrados. Família. Fotográfico. Colorido. Pornográfico. Maconha. “Ó a larica deles!”, Pati comenta. Enrosco. Temporário. Drogas. Pesado. Dolorido. Sofrido. Quase troco o canal... Morte. Loucura. Oito schnauzer!??! Todo mundo “chêra”. Denso. A tiazinha vende pó, que isso!? Massa!

p.s.: bolacha Negrito e leite quente com toddy

Na época o cigarro ainda era liberado em ambientes fechados. Polícia “chêra”. Coitado do Nelinho... estudou tanto!!! “Se quiser eu faço um gato aí, rapidinho”. “Tu qué morrê, xará?”. O primeiro “cliente” não quis... o segundo desistiu... Que putaria esta porra de polícia! Gente estranha, coisa esquisita. Mudou de ramo: agora é cantor! Como assim? “Minha pernoquinha roliça” Suspense. Muita loucura!! Parece que vou entrar no filme. Não está muito agradável.

No momento prefiro o silêncio dos grilos.

“É o seguinte, amigão, fala em números comigo”.

Bom? Não! Excelente!!!

O céu está na moda!


Hoje ele quis embasbacar qualquer bobo e fazer babar qualquer boca.
Hoje ele saiu pra cair queixos e tropeçar pés.

Hoje foi o dia mais belo de todos os outros dias perto das seis horas da tarde.

Sabe lá, bem no horizonte distante dos dedos? Pois lá estava ele!
Todo inchado e cheio de graça... Fazia era rir os lábios dos sérios terrestres!
Fazia de um todo! Estava, literalmente, radiante.
Ele se vestiu de acordo com os mandamentos dos mais impressionantes nomes da moda mundial.
Ele vestiu roxo, lilás, rosa forte quase vermelho...
Ele vestiu a moda! Estava na moda.

Chamou tanto a atenção dos homens que logo se foi...
Envergonhado de sua beleza que mais parecia coisa de outro mundo.

O sol hoje subiu para descer inimaginável na sua maravilha radiosa.

O sol estava puramente desenhado pelas mãos de algum mestre muito talentoso.
Quem será o dono do sol?

E imaginar que nós, pobres e coitados felizes mortais, esperamos grandes vitórias em fortes reuniões e esquecemos de olhar para o distante tão próximo que temos: o céu.

E hoje... Meu filho! Ele tirou o dia (de tardezinha, quase noite... ) para brilhar estonteamente!

Era como eu sonhava!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um anel no dedo

Mais tarde que o horário normal. Mais cedo que o querido. Em cima da hora para o atrasado.

Lendo o jornal não consigo me concentrar, pois os pensamentos estão voando pelo cérebro cozido. Cansado. Esmagado pelo turbilhão de afazeres domésticos e luzes solares.

As notícias não estão mais prendendo meus olhares e fico só imaginando como seria assim, como seria assado. Sempre tentando reformular o que alguém ganhou para fazer!

Minha esposa ganha bem. Dá pra tirar uns cruzados no final do mês que sustenta sua beleza e consumismo por anéis. Enlouquecida por anéis. Tamanhos, cores, formatos. Os regionais são os que chamam mais atenção! A minha atenção...

Querendo ou não eu também quase sou um colecionador de anéis, pois ando pelas entranhas alheias procurando algo novo. Sempre na espreita.

Na caixinha de madeira feita pelo avô, ela guarda, em saquinhos de veludo, todos os aros da sua vida. Inclusive a aliança – com medo de perder. Caixa forrada de cetim claro e brilhante, com leve música aos ouvidos quando é despertada. Uma bailarina aparece na pose pronta para sua apresentação do dia! E nesta pose ela fica, fica, fica, fica, fica... Está sempre apta a despertar meus olhos, chamar minha atenção e entreabrir meus lábios. Deve ter uns três andares com pequenas separações intercaladas e cuidadosamente embrulhadas com o rico tecido.

Ai de mim se, em uma destas andanças por países criteriosos, não trouxer uma jóia! A esposa sente tanto que deixa de sentir amor por mim. Já passei por isto antes... já senti como é ficar sem sentimento.

Assim, a primeira obrigação do meu dia longe de casa é procurar pela boutique famosa e trazer um presente.

Certa vez, na cidade de Seramangápio, país desconhecido, onde nem água havia para banhar, fiquei perdido por pensar que enfeites para os dedos seriam ainda mais raros. De um lado a outro da cidade e nada. Nadinha de pitibiriba! Foi então que a senhora que cochilava na janela da pequena casa de esquina abanou a mão esquerda para mim e, de longe, a única coisa que meus olhos avistaram foi o anel de pérolas. Duas dobras de pérolas ricas que reluziam até ferir a vista! Fui de encontro, tentei puxar papo, a senhora nada. Ofereci moeda e mais moeda, a senhora nada. Estava sem escapatórias. Tive que levar o anel para casa.

preciso de mais tempo?

se precisar for o mesmo que o dicionário escreveu para representar um transitivo direto - realçar os contornos de uma composição -, eu preciso de mais tempo!

rascunho

estive pensando...
reli alguns livros...
escrevi algumas linhas sem sentido.
parei.
analisei tudo mais uma vez e realmente eles tinham razão ao dizer que existe a tal da inspiração. e ela vem só quando quer!
aparece na espreita, toda tímida, cheia de manchinhas vermelhas pelo rosto - como na timidez da primeira vez... -. chega toda ela. cheia de graças. tentando fugir pelas frestas! tenho que agarrá-la pelos pés! quase que foge...
agora fugiu.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Telles

Lygia parece estar aqui, sentada ao meu lado esquerdo – lado do coração -, contando prosas, falando histórias, narrando vidas, querendo futuros. Ela está aqui e trouxe cartas de Drummond para eu ler. Que prazer. Que alegria!

Lygia veio para dizer bonito sobre mulheres e escrever tinindo de buniteza sobre amores. Sofridos. Mas amores. Dores. Cores de ruas limpas na beleza de uma memória de menina moça agora mulher. E que mulher de orgulho para muitos e ideal para mim. Que escrita! Que sonho!

Então Lygia decide que não vai embora. Ficará aqui, segurando em minhas mãos para mostrar que posso fazer assim, simples como venho fazendo, e ser assim, universal como ela sempre foi.


Dúvidas? Somente quando vou pintar os cabelos e não sei bem a cor... levanto com ela a bandeira da modernização burguesa, esta de duvidosas cores como o cabelo. A dela, vermelha e verde. A minha? Talvez assim, branca como a paz e leve como palavras bem colocadas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Geovânia é um país?

Acabei de conversar com ela. Não foi assim, pessoalmente, mas nossas mentes saudosas permitem que imaginemos coisas nunca antes imaginadas.
Pensei que estava cheia de casacos e andando pelas ruas lindas e nostálgicas de Dublin com ela.
Ela, toda cheia de graça, com as sobrancelhas mais lindas do mundo, com os pézinho congelados do frio repentino que vem e vai, vem e vai... A pele chama atenção por onde passa. Ela é "brilhante", ele já disse. Está com aquele casaco verde e lindo que comprou antes de embarcar para o sonho!
Eu, com um mantor vermelho. Nós com boinas nas cabeças que pensam, pensam, pensam...
E assim, deste jeitinho, vamos andando e falando dos nadas que parecem histórias em quadrinho de ação. Parece que vamos resolver todos os problemas do mundo! É tudo tão fácil... Ela faz que a vida seja assim, levada na flauta. Seus conhecimentos e suas percepções são capazes de tirar de mim a tristeza que as vezes chega com o vento.
Ela é minha amiga sincera. Eu sou sua fã primeira.
Ela é a coragem. Eu sou o começo.
O mapa indica que a distãncia é longa... Minha mente teima em pensar o contrário!
Assim vamos, ela lá eu cá, passando por bem novas experiências e descobrindo os velhos olhos negros quase azúis soltos pelo mundo.
Eu te amo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Senzala

Não tão triste como aquela tão conhecida dos versos daquele mais conhecido ainda...

Mas Andorinha sozinha sorri pelos cantos!

Andorinha!!!

Grita nas rodas de prosa e exala perfume de sabonete pela noite...

Andorinha, Andorinha...

Conta contos que jamais imaginasse qualquer alma. Alma que sabe imaginar.

- Sou filha da luz, amiga do tempo e “cumade” do lar! Cuido dos barrigudinhos e aparo o bigode de Márcio.

Andorinha...

Tão contente com seu contentar vou-me embora.

Não para Pasárgada (não gosto de reis e riquezas!), mas para a senzala, onde os negros brotam até das pedras e os olhares malandros varam até paredes... Ai que delícia!


Minha primeira premiada poesia!

(4º lugar no Concurso de Poesias de Itatiba)

Eu já tenho fãs!

Pois é!
Eles brotam de algum lugar e o lugar de onde os meus vieram é um pouco previsível.
Acordei cedo para queimar as calorias da loucura de ontem.
Agora degusto uma maçã.
No primeiro telefonema do dia uma tia querida. Ela vinha só trazer a notícia de que estava me lendo.
Soou estranho quando ela releu, com voz ainda amassada da noite, uma frase da poesia que ganhou algum destaque.
"Mas Andorinha sozinha sorri pelos cantos!"
Soou tão estranho que no momento pensei "isto é meu", mas ao mesmo tempo me assustei pq parece que me surpreendi.
Desde o resultado do concurso nunca mais a havia lido. Milhões de minutos após, procurei nos arquivos e senti até o cheiro do momento em que brotou das mãos as palavras.
Interessante, no mínimo!

domingo, 1 de novembro de 2009

Uma comédia romântica!

Visitei uma cadeira de cinema na semana passada com certo julgamentos que garantiam a mim um estatus de preconceitos criados pela estirpe do filme.
Enfim... Mais uma comédia romântica que confere ao público masculino confiança perante o tal universo feminino tão em voga pelas páginas de milhões de revistas especializadas no assunto. Até aí alguma novidade? Nenhuma. Todas trazem dicas de produtos de beleza que prometem o impossível, esbanjam corpos perfeitos sem dobrinhas nas costas! Ai que tristeza...
Bom, mas também precisam atender uma faceta do mercado consumidor que, mais uma vez, se deixa levar. Por inúmeros fatores, por nada demais ou por uma simples promessa.
Mas julgamentos aqui não! Respeito suas opiniões, fique tranquilo!
A questão é que o filme, de nome "Verdade nua e crua", lançado tempinho atrás, não discute nada, não tenta te convencer de mais nada ainda. Somente interpreta seu título do começo ao fim. Mais ou menos... ele também se converte para finais melodramáticos de um casal que descobriu a paixão.
O interessante não está nestas banalidades. Os homens da sala grande, confortável e escura, foram ao êxtase no começo e lamberam o chão nos finalmentes.
É assim mesmo a vida, né? Julgamentos de filmes comédias românticas? É... Interessante!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

É só colocar Amy Winehouse para escutar que o dia anima! Bom bom bom!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Para o tarô, cada carta em seu lugar.

Para os búzios, as pedrinhas nos seus momentos.

Para mim, um sorriso.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Hoje eu não tô afim nem do chinelo no pé para ir à padaria...
Bom dia, Seu dia!!!!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Nuvens que se movem pelo céu que não está mais azul.

Elas vão passando por ele como os dias passam pela vida.

Nuvens brancas com tons escuros em suas bases.

Quase sinto o cheirinho da chuva!

E elas vão caminhando depressa! Parecem querer levar água a outra cidade que não seja muito distante. Caso contrário vai despejar aqui mesmo.
tomei chuva pega peão: aquela que cai as 18h em ponto!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009


Rio de Janeiro, 2009

Abro espaço para: Conversa de botas batidas

"Veja você, onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria um amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso, por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
Que a gente vai passar

Veja você, onde é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar

Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer, que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela vai cair"
Marcelo Camelo
obs.: considere em vermelho falas de uma senhora e em verde frases de um senhor (minhas interpretações).
E
les só queriam viver um amor, veio a morte e Camelo fez isso ai! Que isso...

Traição

Assim que acabei de lavar meus cabelos naquela água gelada do chuveiro no máximo, vi escorrer pelas minhas pernas uma água suja...
...de um dia que já passou, de um carinho não recebido, de um abraço não dado, da carne provada.

Morte antes da vida

Coitados dos meus escritos, míseros, se este bloco fosse um computador. Não restaria letra alguma se quer para pensarem que por ali passou um pensamento.

Se nossos maiores poetas (de tamanho não literal) tivessem computadores - Drummond, Lispector, Machado, Buarque... -, não saberíamos, séculos, meses, dias após, da existência magnífica de contos, poesias e lindas frases soltas.

O mistério está na sua interpretação. Por isto os concursos são tão estranhos...

Verdinho!

Tomate verde,

Maçã gelada,

Passarinho na janela cantarolando suas modas que nem sei de onde tira! Quem ensina os pássaros a cantar? Quem será? Beethoven aprendeu com seus sonoros ouvidos de mãos que maravilhas arrancavam até teclas!

Professor dos professores foi meu pai. Estudos pela metade, vida interrompida por cansaço e enfermidade impregnada. Ele sim sabia o que fazer, falar, vestir, como sorrir, se portar, cair, levantar. Com ele tudo parecia ser sempre perfeito com olhos que sabem enxergar a vida que cerca quase como prisão. Prisioneiros? Para que isto!

Não se prenda na casca dura que não agrada nem os menos vestidos de pensamentos.

Pois os pensamentos nos vestem. Quando não penso, nua estou seja onde for! Na reunião de negócios, no meio da rua pegando o ônibus cheio, nas estradas viajando... o dia a dia do verão poderia ser sem pensamentos! Assim todos ficariam nus perante raciocínios que não existem. Razões que se inventam pela simples vontade. Visões, missões, ideias que não nascem!

Vejo pessoas nuas pelos caminhos. Caminhando balançando o nada. Indo na direção do poste, quase batendo! Ops! Bateu...

Tem que pensar! Seja assim ou no assado. Na banana com caramelo ou nas belas roupas de Madame Troa.

Eu penso no azul que me rodeia, naquela águia que de longe parece pequena, pequenininha, minúscula. No arroz para comprar! Acabou o óleo... O que faria eu lá no alto daquela torre que avisto? Nossa! Pularia nos braços de alguém à minha espera...

Quem? Alguém? Mais quem? Poderia parar de pensar sobre isto. Alguém que estaria lá e pronto. Uma pessoa nua ou vestida de ideais para me apresentar seu mundo, vida, imaginações, lindos olhos e boca vestida de carne! Hum...

Penso que compensaria saltar daquela torre tão alta, mais tão alta que quase meus olhos não avistam seus últimos milímetros. Olhando daqui, ela é uma coisa só! Parece querer chegar ao céu!!! Será que se ela se esticar um pouquinho consegue? Só relar nas nuvens que papai no céu colocou para criar barreiras até a camada de ozônio.

Pensar é assim. Ideias sem conexão que escritas, sem pretensão, formam um texto pelo menos com imaginação.

E a minha vai longe. Voa alto. Sonha nas plumas de ganso suíço. Nas corredeiras do Tietê lá em cima! No galho que o macaco pulou e deixou balançando e que temo cair.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Acorda, mulher!

Acorda, mulher!
A corda passou resteira no seu pescoço! Acorda...
Os acordes gritam pela sua vingança e o som profundo do dó ressoando como um andar de cisne te chama para a canção.
Chegou o dia! Chegou a hora! Momento de comer carne boa, subir ao palco e tentar ser ídolo de loucos que nem sabem dos quereres.
Imagino quanto deva ser difícil, mas são ordens da casa.
E ordem é ordem, mesmo que ordenada por alguém que nem alguém sabe que existe.
Que confusão! Vou parar de te chamar.
Quando quiseres, o palco é seu!

Sexta-feira

Sexta com cesta de pão quente saído do forno parece sexta de Muzambinho na época sem data e dia sem horas que passavam tão lentamente que o prazer duplicava automaticamente pelos sertões mineiros rodeados de montanhas geladas ventos frescos casas aconchegantes cobertores para aquecer e brigadeiro de panela! leve lembrança de uma sexta com cesta cheia...











quinta-feira, 22 de outubro de 2009


"Um beijo, com sabor te amo!" (Pettiana)

Encanto!

Minha janela vai de encontro ao céu. Eu quase toco os dedos dos pés de São Pedro quando ele se estica logo cedo na espreguiçadeira da varanda de sua casa de madeira. A casa de São Pedro é a minha casa – meu sonho de casa.

Tem lá um monte de patos brancos perambulando pela horta e lago verde cheio de peixes pequenos (bom para fritar com espinha e tudo. Hum...).

Sonho de uma casa que já tenho guardadinha no sul das montanhas mineiras. Entre neblina e galáxias completamente formadas no céu, minha casa, que é nossa, é azul. Tinindo!
Ela hospeda a Zara, uma fila gigante que deu cria a 14 pequenos indefesos – 7 já foram abatidos pelo poder da natureza cruel e suas chuvas no meio do mato. Bem que Zara tentou salvá-los, mas não deu. Nossa putinha é mãe! Ela é pura, mas sai com qualquer um que suporte seu porte. Suporta?

E lá ainda tem os canarinhos que brotam da terra! Canários legitimamente brasileiros, mineiros, cantam até arrastado! São canários como estes que minha irmã já enterrou milhares. Tinha um Zanhaço no meio! Pássaro que morreu com uma batata mal digerida...

Linda casa entre árvores, Ipês coloridos - amarelo radiante que chega a doer a vista, lilás que meu pai torcia para abrir todos os anos (ele é difícil, uma espécie, digo eu, sistemática) –, plantas das mais diversas e com os mais longos anos. Pau Brasil? Claro que tem! Samambaia e trepadeira tem para vender se quiser! Terra molhada e grama cortada...

O cenário encanta vistas.

Me faz entrar na máquina do tempo e pedir para parar naquele momento. Ficar só sentindo o cheirinho do café que minha mãe passava pelo menos umas quatro vezes ao dia. Garrafa cheia. Ela e meu pai tomavam café como água! Mas era tão bão...

E pensar que quando dava uma fominha antes do almoço, nosso petisco era o leite grosso tirado alí, na hora. A caneca já ficava guardada no barracão dos tios e levávamos somente o Toddy com muito açucar! Ixi... falavam que parecíamos bezerrinhos desmamados! Quem sabe...
Parecíamos? Sim: eu, irmã e irmão. Muitas vezes os muitos primos eram agregados queridos para passar dias enfurnados nas brincadeiras de roça.

Quando chovia? Era a morte da minha mãe... Meu pai saia com os filhos para uma volta pelas poças de água que formavam pela estradinha que ligava nossa casa até a granja (lá estavam os cavalos, os porcos, as galinhas e o zelador na casinha ao lado. Quando era o Odair e a Sula Miranda... Que delícia!). Estas pocinhas de água misturadas com a terra fofa formavam uma deliciosa piscina de lama! Ali passávamos horas lambuzando um ao outro!

Para que hora? Relógio fui conhecer na escola. Professora Mafalda, típica de desenhos animados. E não era animada. Gostava de receber presentes e quem mais a presenteasse no final do ano ganhava as melhores notas! Nunca gostei de presenteá-la...
Mas minhas notas sempre foram exemplares dentro da média que eu mesma criei. Nada abaixo de 8 e para que tirar mais que isto? Bobagem...

A sala de aula se transformava em buffet infantil quando algum dos alunos era o aniversariante. As mães se uniam para festas conjuntas e levavam bolos confeitados e todos tinham que presentear. A aula era deixada de lado. Tenho fitas gravadas!

Em frente o casarão antigo do Cesário Coimbra, minha primeira escola, havia um jardim misterioso. Árvore que chamava por bruxas caso déssemos trinta voltas em volta dela. O Coreto que fazíamos nossos shows e dançávamos a quadrilha todo ano! Havia um Chafariz com peixes coloridos espirrando água desordenadamente. Os peixes morriam logo, ou as crianças os matavam. No obelisco erguido em comemoração ao IV centenário do descobrimento do país, corríamos de lado a outro até as mãos se encontrarem.

Muzambinho é palco de belíssimas artes e artistas.

Uma cidade que carrega na sua história mistérios e fascínio. Quem conhece, quer voltar e quem volta quer ficar. Mesmo que por alguns dias, digo.

Nas suas capelas cheias de segunda a segunda a cidade exibe sua fé. Nos feriados santos não existe alma dentro de casa! Todos para as procissões que chegam a assustar os visitantes...

Linda cidade!

Belíssimas pessoas!

Cheiro de Minas é aquele que vem do nada. Um espasmo! A mente para por segundos, o coração palpita, as mãos molham... os olhos marejam...

Meu canto é minha terra. Minha terra é o canto de todos!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009


O tempo muda a gente o tempo inteiro.
Você viu? Até os dias claros do verão já se foram sem vergonha...
Ando tão perto da sensibilidade de uma pedra que as lágrimas secaram.
Em segundos diferentes penso diferentes segundos.

A bisavó

Não consigo fazer saltitar da memória o rosto daquela mulher enigmática que todos adoravam como santa! Ela trazia consigo uma saia neutra, um casaquinho de lã (quem sabe?), uma meia entre as pernas para assegurar as veias já velhas. Os cabelos eram brancos e sempre amarrados. Por que elas usavam tanto coque?
Certa vez minha tia Ássima estava no quarto, após o banho, com minha bisa Coca. Eu não sabia o que elas estavam fazendo lá, então entrei... Uma cena que nunca me esquecerei: a vó Coca lá, sentada numa cadeira baixa e minha tia penteando aqueles cabelos compridos... Pensei em como aquilo seria possível!? Era sempre um coque na cabeça. Desde então para mim todos os coques são falsos.

Correria

Corre o corredor de corridas sempre atrasado do primeiro colocado.

Corre o carro de passeio com as crianças saltitantes e os pais atrasados.

Corre o pássaro predador no vôo razante pela lagoa em busca da presa.

Corre São Paulo e seus moradores estáticos como edifícios.

Corre para o bloquinho para não perder a ideia.

Corre moça de salto! Corre para não perder o ônibus!

Corre o louco em círculos.

Corre a palavra da borracha.

Corre o gozo para a sua hora.

o que é isso?

isto é mais uma tentativa de dar vida aos meus pensamentos.

espero, de coração, que desta vez eu consiga enumerar as loucuras e viagens constantes em minha mente e realidade.
afinal de contas, amigo, viver nas viagens dispostas e nas loucuras queridas é bom...

gostoso que nem bumbum de nenem com aquelas dobrinhas infinitas!

confesso que tenho tentado moldar e até mudar meu modo de escrever. me cansei.
cansei de ser sexy é engraçado! bom para aqueles momentos de ligar o foda-se e a canção bem alto!

por que os pais têm que morrer?
não sei... ainda não consegui entender esta parte da vida! aliás, a morte é bonita para quem precisa dela. mas para os que ficam ela só é sentida. ponto final.

Camelo me desperta todas as manhãs e faço manha para não levantar... Menina Bordada! as referências me jogam do nono andar a cada melodia. parece que meus pulmões inflam para gritar.

a cada minuto uma esperança. em cada semáforo uma tristeza. na tristeza a vontade da felicidade. para a alegria ofereço uma maça verde. aos meninos que pedem dinheiro abro apenas o sorriso.

descobri, em meses, que minhas ilusões, pretensões e quereres não são alvos fáceis neste mundo.
então criei o meu próprio mundo e convido-te a participar! bem-vindo sol, lua, mares, montanhas, países, linguas, poesias, João, Mauro, Berenice, acasos, Drummond, girassol, amores, plutão... não esqueça de tirar os sapatos, acomodar as costas na cadeira e não esperar nada!

despretensão é a palavra do momento!

inté.

OBS: Inventário (Houaiss): 1. descrição detalhada do patrimônio de pessoa falecida (ou não), para que se possa proceder à partilha dos bens/ 2. a ação intentada para a arrecadação e a posterior partilha desses bens